quarta-feira, 12 de março de 2014

Entrevista a Carlos Costa, novo líder do PS Gouveia.



O professor Carlos Costa aceitou dar a primeira grande entrevista ao blogue Jornal O Hermínio na condição de presidente da concelhia do Partido Socialista de Gouveia. Aceitou abordar as principais questões da secção partidária local e principalmente sobre o concelho de Gouveia.

Jornal O Hermínio - Bom dia professor Carlos Costa, desde já os nossos agradecimentos ao repto por nós lançado para esta entrevista.
Carlos Costa - Bom dia, eu é que agradeço.
Jornal O Hermínio - Depois de muita indefinição dentro do Partido Socialista em Gouveia, assume a presidência da concelhia. Como revê este período recente do PS Gouveia?
Carlos Costa: Não sei se a indefinição a que alude se refere aos dois actos eleitorais que se apresentaram desertos. Se for, aquilo que lhe posso dizer, enquanto militante de base e conhecedor da opinião de uma faixa alargada de outros militantes e dirigentes, é que se traduziu num acto de maturidade, esta capacidade de reflexão evidenciada, sem se ceder à pressão dos timings da estrutura nacional, para que fosse possível construir uma lista forte e coesa como aquela que se alcançou e que é do conhecimento público. Não comungo, portanto, da sua opinião quanto à indefinição, pelo contrário as pessoas sabiam, perfeitamente, qual a solução que desejavam.

J.H. - O que o motivou para assumir uma lista, por sinal única à presidência?
C.C - Como tive oportunidade de dizer na entrevista que dei ao NG, decorreu de dois propósitos distintos: o primeiro, da necessidade de conferir ao PS de Gouveia uma estrutura capaz de enfrentar os desafios futuros, enquanto estrutura política à escala concelhia, assente num processo de renovação sem paralelo, onde cada elemento desempenhará funções específicas no contexto da orgânica funcional que se pretende implementar; o segundo, da necessidade de dar voz a sectores importantes da sociedade do nosso concelho, independentemente de terem votado ou não no Partido Socialista. Demasiados erros de gestão autárquica têm vindo a ser cometidos sem direito ao contraditório ou, no mínimo, com auscultação prévia dos interessados, pelo que urge alargar essa participação no debate.

J.H. – Nos últimos anos muito se tem falado no interior do PS Gouveia, nomeadamente uma certa divisão no seio do órgão. Hoje a concelhia está unida? Ou Carlos Costa terá ainda de limar arestas no que respeita à união dos socialistas em Gouveia?
C.C- Vai para oito anos que não participo em qualquer órgão do PS de Gouveia, pelo que seria deselegante falar de hipotéticas cisões internas. A única coisa que lhe posso garantir é que a lista que lidero reúne um naipe de pessoas fantásticas, disponíveis para trabalhar em prol de Gouveia. Pessoas com créditos firmados na sociedade gouveense. O entendimento entre as pessoas é total. Portanto a metáfora não tem qualquer enquadramento, encontram-se toda a gente unida em prol de objectivos comuns

J.H. – Olhando agora para os últimos doze anos o que faltou ao PS Gouveia para impor-se eleitoralmente, sobretudo no pós Santinho Pacheco? Terá sido mal acautelada a sucessão?
C.C- Essa é uma questão complexa, desde logo porque envolve um período temporal alargado, pessoas e contextos diferenciados. O único facto concreto, nesta sua questão, é que o PS não conseguiu fazer vingar as suas propostas junto do eleitorado, de modo a garantir a vitória. Naturalmente, tenho uma visão muito lúcida desse período. Todavia, este não é o tempo de “chorar sobre o leite derramado”, encontramo-nos numa noutra etapa, com novos actores, tentando construir novas abordagens e implementar novas práticas. Não é dizer que vamos fazer melhor, vamos tentar fazer diferente… novos contextos, novas estratégias.

J.H.- O PS Gouveia terá duas vozes, atendendo que não tem “assento” em reuniões de Câmara? Haverá a voz de Armando Almeida e a voz de Carlos Costa?
C.C.- Posso garantir-lhe que não haverá, seguramente, duas vozes. Independentemente dos interlocutores com assento no órgão “Câmara Municipal” o PS vai falar a uma só voz, que não subsista qualquer dúvida a esse respeito.

J.H. – Não sente uma certa “pressão” neste novo cargo face às sucessivas derrotas eleitorais locais, nos últimos anos?
C.C.- Como sabe, não tive qualquer responsabilidade no desempenho do PS ao longo dos últimos 8 anos, pelo que, apesar de ser solidário com os meus camaradas, não me pode ser imputado (e de facto ninguém imputa) esse ónus: o das sucessivas derrotas. O futuro próximo do PS Gouveia começou no dia 28 de Fevereiro e faço tenção de fazer funcionar a CPC do PS - Gouveia numa perspectiva sistémica, o que exigirá, de cada um, responsabilidades específicas, porque estamos a falar de um órgão colegial, de modo a que o projecto se apresente partilhado e haja co-responsabilização sobre as decisões. Porém, darei a cara pelo que vier a acontecer e, assim sendo, a responsabilidade maior será minha. Se chama a isso trabalhar sobre “pressão”, então ela encontra-se controlada como, aliás, é normal em tudo o que faço na vida. Em suma, não me revejo nesse “colete-de-forças”, por considerar que a exigência se deve configurar como algo de natural nas nossas vidas.

J.H.- Que retrato faz destes primeiros meses de governação de Luís Tadeu à frente do Município de Gouveia?
C.C.- Sinceramente, gostaria de poder dizer que o balanço é positivo. Como residente e contribuinte no concelho desejaria… Porém, como não alcancei uma linha consistente de pensamento no programa que o PSD apresentou, aquando das eleições autárquicas, as expectativas também não eram grandes. Constato, hoje, que aquilo que se faz é navegar à vista! Não sei se o actual presidente pretende continuar na linha daquilo que foi a gestão anterior, da qual é co-responsável ou, pelo contrário, se já renunciou à herança e pensa seguir um percurso alternativo. O que vejo são trapalhadas com questões que se revestem da maior importância para muitos gouveenses, começando pela empresa municipal…

J.H. – Tem percepção da situação financeira da Câmara Municipal de Gouveia?
C.C.- É óbvio que tenho uma percepção e resulta dos dados oficiais, aqueles que são apresentados para publicação em estatísticas periódicas do INE. Todavia, esta é uma matéria sobre a qual só conseguimos ter uma ideia concreta quando temos acesso a toda a informação que, por via de regra, nos trás sempre surpresas desagradáveis. Para já, lido com o que se encontra plasmado no(s) orçamento(s), revisões do dito e contas de gerência… mas temos de concordar que não é famosa.

J.H.- Num concelho cada vez mais envelhecido , onde o jovens não encontram espaço, que lhe parecem as medidas do programa eleitoral do PSD  que agora irão avançar ?
C.C.- Francamente, muito vagas e imprecisas. O programa foi um saco vazio de ideias, como já fiz questão de sublinhar, uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, relativamente ao que se apresenta como estruturalmente importante de se fazer. Podia dar-lhe exemplos, medida a medida, sector a sector. O programa do PSD resultou nuns quantos soundbites inconsequentes. Mas para que não pareça que estou apostado numa abordagem derrotista, dou-lhe um exemplo: o da mais recente medida apresentada e aprovada, que foi a do incentivo à natalidade. Percebe-se que não se encontram esclarecidos sobre o que fazem: uma política natalista não consiste dar cheques ou vales de compras no comércio local… qualquer aluno do ensino secundário conseguia fazer melhor do que isso.

J.H. – As empresas com capitais municipais, a Gaventur e a Gouveinova continuam a existir , não se sabe porquê e com que objectivos. Que comentário merece da sua parte esta questão?
C.C.- Pelo que me foi proporcionado ver na pretérita Assembleia Municipal, no que concerne ao debate sobre esta matéria, não vale a pena gastar grande tempo com isto… do ponto de vista dos problemas estruturantes é um fait-divers que, apesar de tudo, deixa o comum dos munícipes perplexo pela forma como tudo se processa. Como muito bem disse, continuam a existir sem se vislumbrarem finalidades. Mais um “inconseguimento” municipal!

J.H. – Que comentário merece da sua parte toda a questão em torno da DLCG-Empresa Municipal? Haverá necessidade do concelho de Gouveia ter uma Empresa Municipal?
C.C.- Já tivemos oportunidade de falar na EM, todavia, começando pela segunda parte da questão, a resposta é não…nos moldes em que esta se encontrava estruturada e os fins que perseguia. Quanto à problemática da sua extinção, é um problema grave e nunca tiveram a coragem de chamar as coisas pelo nome… daí a trapalhada em que se encontram metidos. Era mais importante ganhar eleições.

J.H.- Ter IRC a zero no interior resolve os problemas para que empresas invistam em cidades como Gouveia?
C.C.- Gostava de poder dizer que sim… seria fácil. Mas não, os investimentos ocorrem quando se oferecem vantagens comparativas (consultar M. Porter a este propósito) e elas nunca se assumem como dependentes de recursos isolados ou expediente fortuito. Uma longa conversa, que não encontra aqui espaço, infelizmente. Poderemos discutir quando quiser.

J.H.- Como vê este aproximar do actual executivo liderado por Luís Tadeu ao projecto de Girabolhos? Álvaro Amaro passou um pouco ao lado deste projecto.
C.C.- Álvaro Amaro passou ao lado e não foi só deste projecto e… Luís Tadeu não faz a mínima ideia do que tem pela frente. Pegue no programa do PSD (dele, Luís Tadeu) e veja o que lá consta sobre isso, um redondo e rotundo zero! Pegue no do PS (que eu próprio estruturei) e veja o que lá vem sobre esta matéria, um mundo de diferenças. Luís Tadeu não se aproximou de coisa nenhuma, limitou-se a posar para a fotografia, num cenário onde Filipe Camelo assume o papel de actor principal.

J.H. – Nenhum dos executivos ao longo do tempo e dos anos conseguiu combater uma certa fragmentação existente entre os sectores económicos e sociais do concelho, juntando-os à mesma mesa em busca de soluções comuns. Será possível encontrar um caminho comum e benéfico para todos?
C.C.- No programa do PS havia ideias muito concretas sobre como trabalhar com os diferentes stakeholders. Havia uma linha condutora, onde cada acção tinha uma estratégia pensada, logo o caminho encontrava-se pensado, seria longo e árduo… mas encontrava-se delineado.


J.H. – Concorda com as políticas na área do turismo levadas a cabo nos últimos doze anos?
C.C.- Peço imensa desculpa por não desenvolver esta questão. Apenas lhe posso adiantar que nunca concordei. Encontro-me a finalizar um trabalho de investigação que versa a problemática do turismo na região da Serra da Estrela, que contou com a colaboração dos mais importantes stakeholders da região, em formato de painel, desde académicos a gestores, passando pelas instituições ligadas ao Desenvolvimento Rural, Ambiente e Ordenamento do Território. Ao alongar-me, estaria a ter um procedimento pouco idóneo face ao que tem sido esta colaboração. Quando concluir coloco a possibilidade de fazer uma sessão pública. Então aí estarei disponível para dizer tudo o que penso e apresentar toda a informação que coligi.

J.H.- Que opinião tem na reforma administrativa levada a cabo pelo actual governo, nomeadamente a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela. Que papel poderá ter Gouveia e como sobreviverá perante outros municípios bem mais preponderantes na região como Guarda, Covilhã ou Fundão?
C.C.- Um tiro no pé… deixámos de ser a sub-região/Comunidade intermunicipal Serra da Estrela para passar a ser outra coisa, essa que aí escreveu. A ideia e ganhar massa crítica é uma ideia que serve os interesses dos municípios mais poderosos… veja-se o papel de Luís Tadeu nisto tudo: zero, resumindo-se a uma vice-presidência rotativa. Gouveia não vai retirar qualquer vantagem real. Sabe que o planeamento intermunicipal, projectos e candidaturas intermunicipais, de interesse comum, são há muito possíveis de realizar. Não era necessário entrar por aqui. Tecnicamente podia explicar-lhe a razão desta minha posição, designadamente através da sustentação de uma avaliação dos recursos, onde a imagem de marca assume papel preponderante. Isto tem ares de casamento de uma certa aristocracia falida, que vende o seu bom nome em troca de um suposto dote. Alguém lucrará com a boda, mas não será Gouveia, certamente.

 J.H. - Face à descredibilização dos políticos actualmente, consigo será mais do mesmo ou os gouveenses poderão ter outras expectativas?

C.C.- Abstenho-me de comentar, por razões óbvias. Vamos dar tempo ao tempo. Há quem diga que eu não tenho feitio para ser “político”, pela verticalidade que coloco em tudo o que faço … Tecnicamente encontro-me bem preparado, embora não tenha colocado como prioridade a vida política na minha “shortlist”. Os que me são próximos sabem que não, sempre apontei para outras direcções. Porém, como se costuma dizer: “nunca digas: desta água não beberei”. Aconteceu, mas há coisas de que não abdico: não pretendo ser mais um “político”.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Portugal City Brand Ranking 2014 - Gouveia em 137.º lugar.


A consultora espanhola Bloom Consulting efectuou recentemente e publicou esta semana o estudo sobre a "marca" das cidades. Sendo a "marca" das cidades um activo económico e político, é importante geri-lo bem à obtenção de resultados satisfatórios. Baseado na performance de cada cidade, Investimento (Negócios), Turismo (Visitar) e Talento (Viver), a Bloom Consulting considera este estudo, «...um ranking tão completo e detalhado foi desenvolvido para todos os Municípios portugueses.» A Bloom Consulting explica ainda as razões deste ranking « Uma vez que a informação expressa no ranking se mostra capaz de avaliar e ordenar cada Município pelo seu desempenho em cada uma das categorias de Negócios (Investimento), Visitar (Turismo) e Viver (Talento) surge a possibilidade de, pela primeira vez, comparar a performance entre municípios e regiões, bem como obter uma visão mais fidedigna do panorama nacional.» A consultora refere ainda a importância da "marca" «Cada vez mais, a marca de um país, região ou cidade é um ativo com valor tangível e intangível que requer uma gestão estratégica de forma a atingir múltiplos objetivos.» Apesar da velha máxima de, juntos somos mais fortes, não deixa de existir uma certa concorrência entre municípios locais, fundamental ao desenvolvimento económico e social local.
Assim sendo e olhando aos dados vindos a público pela consultora, Lisboa lidera o ranking nacional, num total de 308 municípios, a capital é a melhor cidade para investir, visitar e viver.
Olhando à cidade de Gouveia, ela encontra-se a nível nacional na 137ª posição. O estudo está ainda classificado ao nível regional por zona Norte, Centro, Algarve e Ilhas. Gouveia na zona centro encontra-se na 37.ª posição num total de 100 municípios. Olhando à região da Serra da Estrela, o município de Gouveia surge atrás das cidades da Covilhã (8º), Guarda (11º) , Seia (20º) e Fundão (33º). É notório que a Covilhã lidera esta região nas performances negócios e turismo, perdendo apenas para a Guarda capital de distrito na categoria viver. A comparação inevitável entre as duas  cidades de Seia e Gouveia, os senenses vão bem mais destacados, senão vejamos as posições ao nível regional  nas variantes (negócios) , (turismo), (viver) : Seia (38º), (21º), (22º), Gouveia (69º), (29º),(56º), apesar na variante do turismo estas estarem mais próximas, no investimento e viver,Seia leva uma clara dianteira. A vizinha Mangualde ganha também em toda a linha das variantes tendo uma posição de 19ª  na zona centro e 73ª a nível nacional. No campo dos negócios e investimento realço para cidades que estão melhores que Gouveia, que são os casos de Arganil, Sabugal e Figueira de Castelo Rodrigo, acrescentado as já referidas anteriormente (Covilhã, Guarda, Seia e Fundão) na zona centro. No entanto Gouveia tem melhor comportamento que as cidades de Manteigas, Fornos de Algodres, Celorico da Beira, Almeida, Trancoso, Mêda, Sabugal, Belmonte, Oliveira do Hospital, Arganil e Figueira de Castelo Rodrigo, no seu compto geral. 


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

100 anos de Noticias de Gouveia... e José de Almeida Motta.


Hoje 12 de Fevereiro, não poderíamos deixar de escrever sobre  um património local, o Notícias de Gouveia. Um carinho especial que todos nós temos embrenhados neste que é o meio de informação de Gouveia. Cem anos é um marco histórico, ao alcance de poucos meios de comunicação. Este jornal é uma referência no distrito da Guarda. É graças ao trabalho incessante da equipa deste jornal que este marco histórico é atingível. Num concelho no interior, com todas as dificuldades económicas inerentes é possível editar um jornal para todo o mundo.
Mas falar de Notícias de Gouveia, para além dos intervenientes de hoje, será preciso falar de um interveniente que em muito orgulhará os Gouveenses. Para muitos também ele um ilustre ao nível de Cardeal Mendes Belo, Abel Manta, Vergílio Ferreira, entre outros.  Fará a 4 de Abril do presente ano 120 anos do seu nascimento, José de Almeida Motta. 
Ligado à fundação do Notícias de Gouveia, dirigiu e foi editor a partir de 1917. Para ele o Notícias de Gouveia era tudo mas ainda tinha a capacidade de se desdobrar nas mais variadas actividades locais do concelho, sobretudo nas associações de Gouveia. Foi actor e encenador do Teatro "Grupo Arte de Palma", fez parte da Tuna Gouveense, pertenceu aos Bombeiros Voluntários de Gouveia, foi filarmónico da Sociedade Euterpe, Provedor da Misericórdia e está ligado à fundação da Casa do Concelho de Gouveia. Um homem dinâmico, frontal e irreverente, explanou toda a sua capacidade na escrita de um jornal que hoje celebra o seu centenário. Está ligado ao projecto da Escola Industrial de Gouveia. A sua escrita no jornal era também de aproveitamento aos sonhos e às desilusões da sua Gouveia. Hoje, também ele está de parabéns... Parabéns Notícias de Gouveia!!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Turistrela, a verdadeira "dona" da Serra da Estrela.


Numa região onde o turismo é impreterivelmente fonte de rendimento, a empresa Turistrela é "rainha". O tema não é  de agora, a discussão também não, a verdade é que este monopólio parece ser entrave ao desenvolvimento da região, isto porque, segundo os entendidos, a liberdade da concorrência está em causa e quem perde é o cliente. A empresa refuta essa situação, referindo que está disponível para parcerias e apoiar investidores. A Turistrela é concessionária exclusiva do turismo e dos desportos no território da Serra da Estrela numa cota a partir dos 800m de altitude, num território que andará à volta dos 100 000ha.
Recuando no tempo e na história, é preciso ir ao principio dos anos 70, quando ainda no Estado Novo, era presidente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano, surge o projecto da construção do teleférico a ligar Piornos à Torre. É nesse âmbito que nasce a Turistrela, em 1971 segundo o decreto-lei 325/71 de 28 de Julho desse ano, sendo a participação maioritária do Estado. O projecto do teleférico avança e já após a revolução dos cravos, em 1975, a obra encontrava-se na sua fase final, chega-se à conclusão que o teleférico não reunia as condições de segurança necessárias face aos ventos dominantes na zona.
Em 1986, o regime de exclusividade é novamente renovado mas agora por participação privada face à compra da empresa por parte do actual administrador Artur Costa Pais. A empresa deixa de ser do Estado mas mantêm a concessão de exclusividade no território, segundo decreto-lei 408/86 de 11 de Dezembro assinado pelo então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva.
Empresários e investidores têm olhado para esta exclusividade como entrave ao desenvolvimento do turismo na Serra da Estrela. A Turistrela estima que de Dezembro a Abril existe uma média aproximada de 1,5 milhões de turistas, quanto vale o turismo de inverno directo  no maciço central da Serra da Estrela ? 75 milhões de euros? 100 milhões de euros? 150 milhões de euros?... poderá ela valer mais com concessões variadas tal como acontece no turismo de montanha da Europa?

http://dre.pt/pdf1sdip/1986/12/28400/37073711.pdf



domingo, 9 de fevereiro de 2014

Girabolhos: Uma barragem, um projecto, um futuro e...Gouveia (Parte3)


CONTINUAÇÃO
Neste que é o terceiro artigo sobre a barragem de Girabolhos, trazemos até aqui a associação Aldeias do Mondego constituida pelo conjunto das localidades que se encontram junto ao rio Mondego e que pertencem aos vários concelhos. As aldeias de Girabolhos, Urtigueira, Abrunhosa do Mato, Contenças de Baixo, Póvoa Rainha, Contenças de Cima e Vila Ruiva, foram as fundadoras desta associação a que já se juntaram outras aldeias e organizações posteriormente. Esta associação visa «ajudar a promover as Aldeias do Mondego nas vertentes económica e social», alicerçada em « unir o que o rio separou para potenciar o turismo e a economia local». A barragem foi o mote para o surgimento desta associação partindo do pressuposto que « nehuma aldeia da região , por si só, tem massa crítica para o desenvolvimento de qualquer projecto». A associação esteve inclusivamente inserida em debates realizados e promovidos pelos municipios que estão inseridos nesta barragem de Girabolhos. Sairam algumas propostas no âmbito turístico para tirar partido dos recursos existentes e do Rio Mondego como fontes de desenvolvimento local. A desertificação do interior passa também por uma das várias preocupações da associação, que estima que aquela zona perca 30% da população nos próximos anos. 

http://aldeias-do-mondego.pt/ 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A Mordaça


Faz hoje dez anos da fundação da rede social Facebook, a sua popularidade atingiu uma dimensão planetária apesar de não ser inovadora. As redes sociais e a blogosfera tem permitido entre várias coisas a interacção, ainda que virtual e muitas vezes questionável, entre pessoas e sobretudo colocar quem está no poder mais vulnerável à critica. O político tem muitas dificuldades em lidar com a crítica e estes instrumentos ao alcance de qualquer um hoje em dia, coloca a quem governa, sobretudo as autarquias, um certo desconforto, porque coloca a olho nu certas deficiências de gestão local.  
A cidadania é um instrumento importante ao desenvolvimento local, é importante que cada um de nós utilize a sua voz em torno de uma causa que é o bem estar de uma população e de um concelho. 
Quem governa deverá olhar para estes instrumentos das redes sociais como elemento que poderá ajudar a melhorar a sua governação e forma de actuar. Estamos no século XXI, num país democrático, perseguir e ser perseguido, parecemos regressar a tempos que ninguém desejará. Juntos não seremos um problema, juntos seremos a solução. 

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Gouveia, 26 anos depois.


Foi há 26 anos, era publicada em Diário da República a Lei n.º 6/88, que confirmava a elevação de Gouveia à categoria de  cidade depois da aprovação em Assembleia da República. Passavam dois anos da adesão de Portugal à CEE, o país começava a "cheirar" a progresso, as Obras Públicas moldavam um país em movimento e Gouveia acompanhava de certa maneira a tendência embora questionável, conforme o Notícias de Gouveia de 22 de Janeiro de 1988: « Urbanisticamente, assiste-se ao empobrecimento da cidade!» 
Gouveia começava a assistir ao declínio dos lanifícios que mais tarde seria um verdadeiro problema social e económico que ainda hoje se reflecte. A Gouveia motora industrial, o Tear da Beira foi-se desvanecendo com o passar dos anos, hoje restam as ruínas fabris. Em 26 anos muito mudou em Gouveia, passou de Tear da Beira a Cidade Jardim e desta esta a Capital da Aventura. Hoje a cidade e o concelho está mais envelhecido, com menos residentes e sem o fulgor de quase três décadas. Não há pastores, e o " melhor queijo do mundo" quase "morto", poucos são aqueles que no nosso concelho resistem a trazer até nós a iguaria afortunada de um concelho e região.
Hoje Gouveia é mais vila que cidade, muitos questionam, que ganhámos nós Gouveia-cidade, ganhou-se mas poderia ter-se ganho mais, muito mais  não a fosse a política partidária nefasta, egoísta, cega de vitórias eleitorais e ambígua no ato de servir a população.


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Estradas da Beira Alta e Serra da Estrela fora dos planos do governo.


Segundo a edição do jornal de Negócios de hoje o grupo de trabalho para as infraestruturas de elevado valor acrescentado, liderado pelo secretário de Estado Sérgio Monteiro, fez chegar a Pedro Passos Coelho as escolhas dos principais projectos de Obras Públicas para Portugal para o período 2014-2020. Portos e ferrovia são as áreas que irão abarcar o bolo maior. Num total de 30 projectos, apenas dois são relativos à rodovia, em nenhum dos casos se reporta às estrada que circundam a Serra da Estrela. Numa primeira análise podemos referir que os IC6, IC7 e IC37 ficaram uma vez mais na "gaveta". O Túnel do Marão e a modernização do IP3 serão os grandes projectos rodoviários de investimento do governo. O único " rebuçado" é que a modernização da linha ferroviária da Beira Alta irá avançar.
Uma vez mais é um "tiro" de morte ao interior e à região da Serra da Estrela. Os autarcas locais têm pouco poder de persuasão e os deputados eleitos pelo distrito da Guarda apenas se preocupam com "fait-divers".